Nany Bilate

São Paulo/SP


Nany Bilate

A Repensadora Nany Bilate escreve sobre o Movimento Humano Poder Isonômico, um novo tipo de poder que está se instalando como alternativa ao poder até agora dominante que tem como princípio o Poder Sobre e que favorece a cultura do estupro.




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A sabedoria de envelhecer
Com qual príncipe estamos sonhando?
O estupro e a estrutura de poder
Por que insistimos em nos enganar?

Peruana radicada no Brasil desde 1985, casada pela segunda vez, sem filhos por opção, embora considere que a maternidade lhe faria uma pessoa melhor; dona de casa e empresária, viajante inveterada, espiritualista, admiradora da espécie humana e toda sua idiossincrasia.

Da publicidade, sua profissão original, trouxe a criatividade para romper com formas e padrões da pesquisa tradicional aprendidos em quase 30 anos como pesquisadora; da pós graduação em marketing e administração, trouxe a estrutura para empreender no Brasil, criando a Behavior em 1997.

Canaliza sua insasciável curiosidade para os estudos autodidáticos sobre história, sociologia, antropologia, religiões e outras áreas que enriqueçam seus projetos.

Adepta do livre pensar e agir com independência, fez parte, sem saber, do movimento humano a desestruturação, ao desconstruir seu modelo de negócio e forma de operar em 2007. Hoje desenvolve artesanalmente todos os projetos da Behavior, se envolvendo no projeto inteiro, incluindo a etapa de entrevistadora, seu grande prazer.

Focada em valores, crenças e atitudes da contemporaneidade e suas relações com marcas, produtos e serviços.

Palestras

Costumamos dizer que trabalhamos com os incômodos da sociedade.
Dizemos também, que captamos o sentir das pessoas. Esses sentimentos e incômodos nem sempre estão claros e muitos deles ainda não tomaram a forma de comportamentos. Por isso, consideramos que captar tendências não é a melhor definição para nosso trabalho: tendências têm forma; sentimentos e incômodos nem sempre.

Através de uma técnica milenar, simples e eficaz, o ouvir, apoiados por um material de projetivas exclusivo desenvolvido por nós; e associados ao nosso conhecimento adquirido através dos anos, vamos obtendo o que está movendo – ou parando – esse ser humano à nossa frente. Na medida que os sentimentos começam a tomar corpo de todo um grupo social, podemos afirmar quais são os Movimentos Humanos que, em breve ou um pouco mais tarde poderão tomar a forma de tendências.

Um dos grandes alicerces das mudanças que estamos vivendo é o eixo de poder.
O poder, conforme o conhecemos, está mudando seu eixo. Na behavior, classificamos essa mudança como a migração do eixo de poder sobre para poder para. No poder sobre, que vem regendo as sociedades nos últimos milênios o exercício de poder acontece sobre algo ou alguém num sentido hierárquico e diferenciador, que classifica cada elemento numa escala de mais para menos. Há subjugação para haver supremacia.

No poder para a relação com o outro ganha menor importância, oferecendo maior liberdade individual. Talvez um dos grandes benefícios da sociedade individualista. O poder se exercita e se constrói a partir da capacidade de adquirir maior liberdade de atuação. Os parâmetros éticos, os valores e as crenças regem essa atuação. O poder para é randômico e é outorgado de acordo com a necessidade. Neste novo modelo, mais importante do que ter poder sobre o outro, que diferencia como melhor e maior numa sociedade hierarquizada, o que realmente satisfaz é o poder para fazer e viver da forma como se considera melhor.

Foi necessário romper com o vínculo social e suas convenções para poder se aproximar de uma verdade interior maior.
Mas o caminho solitário, na maioria das vezes, não converge prazerosamente com o ser humano. O homem, que vem sofrendo mais perdas de confirmação social do que ganhos, sentiu-se perdido na nova configuração social e calou-se, aninhando-se na relação a dois e no microcosmo familiar formado com sua companheira e com os filhos. As mulheres, em seus movimentos de autosuficiência e autoafirmação, apoiadas por uma maior liberdade financeira, agiram sob a ética do poder sobre e fortaleceram a crença da superioridade feminina. Levantaram, orgulhosas, a bandeira da mulher poderosa sabe-tudo.

Como era de se esperar, esse novo status, tanto feminino como masculino, mostrou-se, em pouco tempo, insustentável. O homem encontrou primeiro na relação e cuidado com os os filhos, depois nas tarefas domésticas, um caminho de exercício do novo que, aos poucos, vem trazendo reconhecimento positivo no ambiente social. As mulheres, cansadas da solidão que o poder oferece, estão abrindo mão da postura de autosuficiente e caminhando para o exercício do poder para. Homens e mulheres estão buscando a releitura do que é poder, relacionamentos amorosos e identidades feminina e masculina através da prática do acerto e erro, limitando a participação do ambiente social – amigos, familiares, grupo social – nas suas decisões. Algo é certo nesse novo: a relação a dois, a sociedade-par como a chamamos aqui, na Behavior, é a que está conduzindo este movimento.

A felicidade individual virou objetivo consciente e concreto para nosso futuro.
Vindo de um período de hipervalorização do individualismo, que ainda rege nossas decisões – necessário para poder nos isolar das convenções sociais – a felicidade individual virou objetivo consciente e concreto para nosso futuro próximo, o que, infelizmente, alimenta a ideia de presente infeliz. Fomos trilhando vários caminhos para conseguir a tal felicidade e, de acordo com nossos valores, fomos escolhendo nossos melhores atalhos. O que é mais comum hoje é compreender que a felicidade não está depositada no ter, mas no ser. Embora estejamos resignificando o ter após um período de negação e colocando-o numa posição de meio e não de fim, o ser ganhou relevância, assim como a busca por sua compreensão: nos independentizamos ao máximo que nos foi possível do nosso núcleo social, experimentamos novas sensações e emoções, buscamos o autoconhecimento, abrimos nossas janelas para o mundo, procuramos estudar diversas áreas das ciências humanas, tudo em busca da resposta para a grande pergunta: quem eu sou? E afinal, o que me faz feliz?

A construção das dimensões que responderão a essas questões está ocorrendo no microcosmo. Antevemos desde agora diversidade maior de possibilidades e nichos sem linearidade, o que deixará cada vez mais difícil enquadrar as pessoas em segmentos exclusivos e rigidamente formatados.

Como tirar nossas estruturas firmes e formatadas sobre nossas verdades e crenças?
A desestruturação, palavra que cunhamos na behavior para explicar este Movimento Humano, significa tirar as estruturas firmes e formatadas sobre nossas verdades e crenças. Resistimos a ele, damos dezenas de passos para atrás na busca da segurança do conhecido. Quanto mais enraizada uma crença – seja positivamente fortificada pelo conhecimento ou pelo ego de ter razão – mais difícil abrir mão de tudo aquilo que construímos embasados nela. Só que o tempo é soberano. Ele nos mostrou que as mudanças vieram para se instalar e, tal qual um tsunami, fomos levados a rever quase tudo em nossas vidas.

Ela trouxe desordem, colocou a hierarquia de lado, desformatou nossos conceitos de vida, felicidade, amor, moral, beleza, riqueza e até saúde. A incerteza nos tensionou e nos gerou insegurança. Então, por que não voltamos atrás? Porque a liberdade e alívio ganhos superaram nosso desconforto. Mesmo inseguros, queremos seguir em frente.

O amor está no ar. Sem dúvida alguma.
No meio do tsunami da desestruturação, o caminho que escolhemos para a reconstrução foi o do amor. Hoje, nos beijamos mais, enviamos carinhas com olhos de coração nas nossas mensagens, declaramos publicamente nosso amor seja por gente, seja por animais, cidades, planeta, estrelas. Incentivamos e queremos cada vez mais amar e sermos amados. É nosso desejo maior. No microcosmo da sociedade par, este movimento toma uma magnitude especial: o sonho de viver um grande amor-companheiro.

Não basta só amar. Compreendemos hoje que o amor tem de ser companheiro e que, desta forma, obteremos a tal felicidade. Difícil conseguir o companheirismo como seres oriundos de um pensamento individualizado; por conta disso, buscamos a similitude como forma de errar menos. Acreditamos que, quanto mais parecido conosco, mais fácil a convivência, mais fácil costurar planos juntos, viver e aproveitar a vida. Nossa motivação nestes casos é ceder melhor, perder menos. Esquecemos de lembrar que o amor não flui no menos, mas na abundância.

Homem chora. E cada vez mais pensamos que isso é uma evolução.
Homem ajuda a cuidar do lar, abdica de sair com os amigos para brincar com os filhos e é capaz de esperar a mulher com a comida pronta. E cada vez mais o consideramos moderno. Homem se apresenta publicamente romântico diferente do galanteador e conquistador de antigamente, expressa seu amor e fidelidade – sim, esses homens estão cada vez mais fiéis – sem tanto pudor. E vemos como o mundo está se voltando para o amor-companheiro numa relação de poder para nos núcleos sociais mais modernos e arejados, promovendo uma mudança sutil e consistente na sociedade.

A sensibilidade está aproximando o homem para uma nova forma de ser homem. Sem passado para buscar referências deste novo modelo, conta com a ajuda feminina nesse caminhar que ainda carrega fortemente a busca pela majestade perdida. Quanto mais essa majestade se aproxima do poder sobre, mais o homem busca voltar ao passado ou se recolhe numa espera silenciosa pelo poder perdido. Quanto mais próximo do poder para, mais ele caminha para a nova relevância social.

O poder para facilita a solidariedade, porque nos tira do confronto constante de se saber quem se é através do vencer o outro.
Sem ainda conseguir aceitar as diferenças como iguais numa consciência isonômica, caminhamos pela tolerância; um caminho que ainda carrega em si a benevolência de quem se considera superior, mas que é válido por nos exercitar o contato com o diferente, o que amplia nosso espectro de saber. Toda sociedade que vive fechada em si, os chamados nichos sociais - sejam estes formados por ricos, pobres, jovens ou adultos - costumam oxigenar-se pouco, mesmo aqueles que atravessam fronteiras geográficas, mas nem sempre fronteiras sociais, limitando a realidade.

A solidariedade, trazida pela mão pela volta ao amor, vai corrompendo as fronteiras de uma realidade restrita graças aos aventureiros que estão fazendo este novo mundo girar.

Tema de Palestras
- Emponderamento Feminino
- Criatividade e Inovação
- Empreendedorismo
- Religião
- Marketing
- Publicidade
- Poder isonômico
- Movimento Humano
- A tal felicidade
- Família

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