Minha fase pessimista.


Minha fase pessimista.

A residência do sr. Trump fica  na Quinta Avenida, agora parcialmente obstruída à passagem de pedestres. Um transtorno para os nova-iorquinos e uma distração para os turistas. A quantidade de gente fazendo selfie pra enfeitar as redes sociais – eu incluída – é constrangedora. Passei por ali por acaso, a caminho de uma reportagem e segui meu passo intrigada. Me perguntei, de novo, porque a maioria das mulheres americanas brancas, com baixa escolaridade, votou nele. Por que são conservadoras? Por que ele prometeu empregos? Sei lá. Me dá uma tristeza profunda.

Há cem anos as mulheres conseguiram o direito ao voto nos EUA. Naquela época, as sufragettes, como ficaram conhecidas as que lutaram para ir às urnas, eram objeto de ódio, sarcasmo e piadas machistas de todo tipo. Elas foram, de alguma maneira, as pioneiras do movimento feminista. Não creio que mulher tenha de obrigatoriamente votar em mulher. Mas votar no Trump? Com todo respeito, ai, que desânimo.

Não creio que mulher tenha de obrigatoriamente votar em mulher. Mas votar no Trump? Com todo respeito, ai, que desânimo.

De qualquer maneira, comecei esse texto com outro objetivo e agora vejo que já comi boa parte dos toques a que tenho direito divagando sobre o Trump e as mulheres americanas. Estou numa fase pessimista, vou logo avisando. Quando passei pela Quinta Avenida e vi aquela multidão de wanna be blogueiros e aquele mundo de jornalistas debaixo de neve na frente da Trump Tower, dei graças aos céus por ter escapado dos plantões jornalísticos de fim de ano. E das retrospectivas de 2016. De verdade, eu não saberia por onde começar.

Pela eleição do sr. Trump? Não vamos dar a ele toda essa importância. Não que ele não seja importante, mas para que naufragar em tanta realidade logo no começo do ano? Pelo impeachment de Dilma? Pela Olimpíada do Rio?
Pela Paralimpíada? Pode ser. Mas foi mesmo em 2016?  Eita ano congestionado de notícia.

Quando chego na Rua 48, dez quadras mais tarde, concluo que minha retrospectiva só valeria o nome se começasse pela queda do avião da Chapecoense. Acredito que apenas uma tragédia desse porte tenha força para unir os desiguais. Provavelmente prestarei contas no dia do juízo final, mas meu lado mau começa a achar que 2017 poderia ter menos polêmicas e mais unanimidades. Quem sabe a humanidade ainda teria jeito.


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