Romero Rodrigues - Co-Fundador do Buscapé Company

São Paulo/SP
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Romero Rodrigues  - Co-Fundador do Buscapé Company

É um empresário brasileiro, formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. É um dos fundadores do site Buscapé e CEO do Buscapé Company, holding que agrega as empresas Bondfaro, Bcash, Brandsclub, Btarget, Moda it, E-bit, Lomadee, FControl, QueBarato!, SaveMe, Shopcliq, Hotmart, Recomind, Urbanizo, MeuCarrinho, Cuponeria e Navegg.


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Em tempos de crise, start it up!
Os números que não veem crise

Em tempos de crise, start it up!


São muitas as invenções que nasceram como resultado das duas primeiras guerras mundiais. A partir de necessidades que surgiram nos horrores dos campos de batalha, foram criados o zíper, o absorvente íntimo, o drone, o rádio sem fio, a quimioterapia e, vale lembrar, a própria estruturação da rede mundial de computadores que deu origem à Internet foi motivada pela Guerra Fria e a corrida espacial disputadas entre Estados Unidos e Rússia.

Aguçar a criatividade e buscar saídas em tempos de crise é da nossa natureza humana, do nosso instinto de sobrevivência. Em cenários macroeconômicos como o que o Brasil vem enfrentando, de juros estratosféricos e inflação em alta, fatores que impulsionam as taxas de desemprego e fecham as portas para o trabalho formal, é importante manter o radar ligado para oportunidades de inovar e empreender.

Os mais céticos dirão que perdi completamente o bom senso. Que não estou acompanhando os índices da economia e estou alienado ao que dizem os analistas. Que estou rasgando a cartilha mercantilista e esquecendo que não há como aquecer o consumo com taxas de financiamento inaceitáveis e preços em alta. Mesmo correndo todos estes riscos de ter minha sanidade questionada, acredito piamente que nunca tivemos um período tão propício para investir em startups digitais, especialmente as voltadas a consumo e crédito.

E é simples entender o porquê da minha crença se partirmos da premissa de que os alicerces da economia de mercado não são e nunca mais serão os mesmos. A economia compartilhada é apenas um dos fenômenos decorrentes da digitalização dos negócios. Em apenas 20 anos, a Internet foi disruptiva a ponto de não conseguirmos mais imaginar como seriam nossas vidas sem conexão, todo conforto e as inúmeras facilidades que a Web nos trouxe.

Mas o que me faz apostar na existência de um universo repleto de oportunidades para as startups apesar e por causa da crise é a velocidade ainda maior com que vem avançando a adoção dos smartphones como principal device para acessar a Internet. O grande mercado está no mobile. A Internet foi apenas uma ponte para o que já estamos vendo e para os muitos negócios que ainda veremos surgir suportados por estratégias que associam plataformas móveis, geolocalização, indoor location e big data, entre outras tecnologias que ainda sequer foram inventadas.

A facilidade de pesquisar, comparar e contratar serviços ou produtos nas proximidades com os melhores preços ajudará a transformar rapidamente em hábito o que estamos vendo como uma mudança de comportamento sem precedentes. É na esteira do mobile, e por que não dizer, da crise, que estão nascendo empresas inovadoras, disruptivas, capazes de fazer ruir negócios tradicionais que foram planejados para crescer em economias formais, reguladas e burocratas e, por isso mesmo, muito mais suscetíveis a turbulências. Ao perderem fôlego, num momento de crise, para investir em marketing e inovação, estas grandes empresas abrem finalmente espaço para a adoção dos serviços inovadores das startups digitais, que não têm como principal meta nem receita, nem lucro, e sim a satisfação de seu usuário.

O ‘homo mobilis’ inverte a lógica do mercado pelo simples motivo de que, conectado a qualquer hora, em qualquer lugar e em tempo real, passa a ter acesso a um número muito maior de ofertas e de fornecedores. Com muito mais poder de negociação, só fechará negócio se julgar conveniente (o que não quer dizer que preço seja o único e mais importante fator de decisão).

Como líderes e pioneiros no serviço de comparação de preços, no Buscapé conquistamos um grande aumento da popularização do nosso serviço a cada nova crise, que se revertia em explosão de receitas logo após a passagem da tormenta. Hoje o consumidor já incorporou o hábito de fazer pesquisas de preços na Internet antes de sair às compras ou mesmo quando está dentro da loja em nosso aplicativo no celular. Só perde dinheiro e boas promoções quem quer. A ‘tempestade perfeita’ formada pela atual crise está justamente na mudança comportamental do consumidor decorrente da explosão da mobilidade. As crises sempre promovem grandes mudanças de comportamento. Num ambiente aquecido economicamente, o consumidor tem mais resistência para mudar seus hábitos.

O empreendedor que souber aproveitar o momento e mirar nesta transição nos hábitos de consumo irá fazer uma saborosa limonada. As grandes empresas não estão preparadas para essa mudança. A verdade é que estas organizações sobrevivem, com suas ineficiências, da inércia de comportamento do consumidor. Já as startups utilizam este momento da evolução do ‘homo mobilis’ como catalizador para ganhar market share e share of mind.

E a transição para esta nova espécie humana é evidente. Uma pesquisa divulgada recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), revelou que quase 60% das residências brasileiras acessaram a Internet por celulares ou tablets em 2013. A GSMA prevê que a penetração de smartphones na América Latina chegará a 68% em 2020 (no Brasil alcançará 72%).

São números incontestáveis que mostram que em pouco tempo o smartphone com plano de dados estará nos bolsos de praticamente cada habitante do planeta. Em tempos de crise, é natural, empresas e consumidores ficam mais austeros. Assim, empreendedores que desenvolverem soluções mobile para ajudar na travessia da tormenta poderão criar startups digitais de sucesso.

Há alguns segmentos que julgo bem promissores, como para startups ‘fintech’. Se antes não comparava as taxas do cheque especial e do cartão e não observava as tarifas dos serviços bancários, agora o consumidor ficará muito mais atento a quanto seu banco está cobrando e não abrirá mão de fazer pesquisas em apps de comparação de produtos financeiros e de buscar produtos alternativos que não sejam necessariamente oferecidos por uma instituição financeira tradicional.

Em última análise, basta lembrar que o primeiro celular também é a primeira ferramenta de trabalho de um microempreendedor, que precisa apenas de um meio para se comunicar e começar a atender clientes. Como o smartphone é seu único canal de acesso à Internet, tudo que o ajude a fazer a gestão do seu pequeno negócio deverá ter boa aceitação e escala, como apps de administração fiscal e tributária, apps de cotação e contratação de fretes e serviços de transporte ou apps para compra e venda de suprimentos.

A crise não discrimina ninguém. Mas a mesma onda que afoga alguns é a onda que dá impulso a outros, basta saber se posicionar bem. É hora de você, under dog, ganhar espaço em cima dos seus incumbents. Seja disruptivo como nunca antes: start it up!

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